quarta-feira, 14 de novembro de 2007

OBJETIVO

•Documentar, filmar, registrar, por meio de midia digital HDV-Z1 um trajeto percorrido por Marcelo Siqueira de bicicleta, sob a direção de Ricardo Guidara. Realizar um documentário, que mostre a realidade cubana sobre 2 rodas, incluindo belas paisagens e cenários cinematográficos de Cuba, na ótica de um viajante artista ciclo-ativista.

MISSÃO

•Levar uma bicicleta Speed para o garoto Cezar Garcia, 14 anos, competidor nacional, grande atleta cubano, vencedor de varias competições.
•Acompanhar treinos na escola de ciclismo, tendo em vista a realização de um dos episódios do projeto, analisando o modo de vida dos ciclistas profissionais.
•A bicicleta será utilizada por Cezar para realizar competições, dentro e fora de Cuba.

Por que atrevssar Cuba de bicicleta?

Uma análise mais acurada da realidade revela que os transportes rodoviários no Brasil são o vetor de alguns dos piores males sociais e ambientais provocados pelo modelo capitalista vigente no país. Nesse sentido, assoma o fato de a febre recente dos bio-combustíveis pairar como uma ameaça à saúde pública e à segurança alimentar da maioria dos cidadãos devido a uma virtual transformação de áreas cultiváveis em plantações de cana-de-açúcar, soja, mamona e outras espécies destinadas à produção de energia para mover carros, ônibus e caminhões, aqui e no exterior. E como se isso não bastasse, o trágico acidente envolvendo um Air-Bus da TAM a 17 de julho p.p., paradoxalmente, apresentou características de acidente rodoviário, no qual o veículo não conseguiu frear no asfalto da pista molhada do aeroporto após um vôo tranqüilo e sem problemas. Com efeito, na busca do maior lucro possível, verifica-se que as companhias estão transformando os aviões em verdadeiras lotações aéreas, voando sempre que possível com o máximo de passageiros e no limite de sua utilização diária, resultando no que se verificou num edifício da própria companhia ao lado do aeroporto a um custo inestimável em vidas humanas.
Histórias como essa repetem-se com tal freqüência neste país a ponto de não mais sensibilizarem nem os cidadãos nem as autoridades no sentido de motivar medidas preventivas visando cortar o mal pela raiz. De fato, o século XX brasileiro mostra que o modelo de desenvolvimento capitalista adotado pelo país visou basicamente favorecer o transporte e a circulação privados por meio de automóveis, ônibus (ainda que estes sejam designados por "coletivos") e caminhões como forma de preservar a perspectiva individualista e burguesa da apropriação e consumo do espaço, e daí da economia e da sociedade como um todo. A história da industrialização no Brasil mostra que a fase atual atingiu sua plenitude na virada dos anos 1970, durante o auge do regime militar, quando fabricantes de veículos como a Chevrolet, Volkswagen e Ford tornaram-se hegemônicas na economia, seduzindo a classe média urbana, alimentando nela sonhos de consumo e de liberdade de ir e vir por meio do crédito fácil para automóveis, e aprisionando o povo trabalhador em subúrbios rodoviários periféricos atendidos unicamente por serviços de ônibus de péssima qualidade.
Sem investir em ferrovias ou hidrovias há décadas, sucessivos governos sempre caminharam ao lado de forças econômicas comprometidas com a especulação imobiliária e com o consumo privado e privilegiado do espaço. Um resultado eloqüente disso é que o trânsito das grandes cidades vem apresentando uma média de velocidade dos carros inferior à de meios como a bicicleta ou mesmo à da caminhada a pé. Isso sem mencionar que o roubo de carros é uma das maiores causas dos latrocínios que ocorrem no Brasil. Além disso, as mortes de motoristas em acidentes de transito tornaram-se tão rotineiras que não comovem mais a população nem as autoridades.
Por esse motivo a circulação e o uso da bicicleta como um meio usual de transporte é o tema principal da viagem a Cuba que aqui se propõe: atravessar a ilha e pesquisar a influencia da bicicleta e a qualidade de vida que ela proporciona num país isolado dos mais deletéreos males do capitalismo, nem de longe poluído e afetado por suas mazelas como o Brasil de cidades como São Paulo ou o Rio de Janeiro. Acreditamos que o transporte por bicicleta contribui para diminuir diferenças sociais decorrentes do impacto do consumo de automóveis. Seu uso implica em liberdade e em saúde para quem pedala. Assim, consideramos que Cuba, país livre da influência do rodoviarismo capitalista, seria o objeto ideal de estudo para uma equipe formada pelo documentarista Lucas Barreto, o artista plástico Marcelo Siqueira, a vídeo-repórter do ESPN-Brasil Renata Falzoni e o gerente de marketing da fábrica de bicicletas CALOI Daniel Mendes, todos ciclistas e militantes anti-carro. Juntos, pretendem pedalar de Santiago de Cuba até Havana, refazendo o caminho percorrido por Che Guevara durante a revolução cubana, documentando além disso os processos de produção dos charutos e da destilação do rum, famosos em todo mundo por sua excelente qualidade.
O artista Marcelo Siqueira procurará retratar em pinturas sobre tela as impressões recebidas a cada parada ao longo da ilha. Marcelo Siqueira também pretende realizar um trabalho de pesquisa sobre as bicicletas sino-cubanas em uso a fim de formar um banco de dados sobre o uso das bicicletas como meio de transporte e modos de se carregar nelas bens e pessoas. Desenhista industrial, Marcelo Siqueira pretende desenvolver a partir das conclusões um bagageiro para bicicletas que atenda as mais diversas necessidades dos ciclistas.
A realização deste projeto visa melhorar a qualidade de vida no mundo sobre duas rodas, incentivando o uso de um meio de transporte não poluente, visando diminuir a desigualdade e os danos ao meio ambiente causados pela queima de combustíveis renováveis ou não em veículos automotores.
Caso você se identifique com este projeto, participe dele. Invista no "Projeto BICICUBA - A Revolução virá de Bicicleta". Vale lembrar as palavras de Vera-Gallos, ministro da Justiça de Salvador Allende, para quem o socialismo só chegaria se viesse pedalando de bicicleta.